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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

domingo, 17 de março de 2024

Poema: "Nulo", de Erivelto Reis


Nulo

Erivelto Reis

Escrever um poema, trocar o tempo pouco

Que suponho que me reste,

A  juventude lasciva das paixões e das palavras,

O fogo das ideias e dos ideais de revolução

Por um poema, um verso bom apenas...

Que sobreviva e que force a arqueologia,

A procura de meus restos e rascunhos.

Para que no futuro, no apagamento eterno

Da materialidade de qualquer

Circunstância ou referência

Que me acorde do fundo de meu sono sepulcral,

Eu não precise lidar

Com o mundo que eu pensava que era meu,

Com um presente que eu tive e não me deram,

Com uma memória, Cérbero, às portas do inferno

De qualquer sentido literal ou metafórico

De algo que eu não criei

E que ao me lerem, me atribuam.

Escrever para não ser

Um poeta descoberto como um fóssil

Ou ter as palavras derretidas pelo magma:

Síntese, cinzas, sintagma.



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