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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

domingo, 10 de março de 2024

Poema: "Síndrome da Emulação Patronal", de Erivelto Reis

 

SÍNDROME DA EMULAÇÃO PATRONAL 

Erivelto Reis

O Xamã avisou no pancadão:

Dublê de gestor, dublê de patrão.

Faz tudo o que o patrão faz,

Mas sem ser o patrão.

Perguntar o que estou fazendo

Sem demonstrar o que faz.

Determinar meus horários,

Enquanto flexibiliza ou

Não cumpre os seus.

Questionar meus métodos

Sem cumprir suas obrigações.

Me pedir esclarecimentos,

Enquanto se omite,

Compactua e se protege

Nas brechas do sistema.

Me desautorizar,

Com base em subjetividades.

Supor que sou personalista

Enquanto finge se importar

Com as pessoas.

Tomar como seu,

O espaço da discussão coletiva.

Acreditar que o cargo

Lhe garante a decisão final

Sobre um trabalho que não fez,

Que não faz e que não saberia fazer...

Ou que, se o fizesse seria com o apoio de todos

E com a atuação e anuência ou conveniências

De seus superiores.

Supor que não precisa cumprimentar,

Esclarecer, informar, confraternizar,

Prestigiar ou aprender

Com os que julga serem seus subordinados.

O fetiche por proibir, a preguiça de conhecer.

Nenhum projeto nenhum.

A não ser se fazer de comum.

A certeza de não precisar se explicar,

A não ser sobre coisas irrelevantes

Como a cor do céu em dia nublado,

Ou sobre como foi importante a sua bênção

Para o trabalho que outros fizeram sozinhos

E sem recursos e que ele nunca leu e mal conhece.

 

Recomenda-se cautela. Humildade três vezes ao dia.

Autocrítica, capinar junto e doses de simancol.

 

O Xamã avisou no pancadão:

Dublê de gestor. Dublê de Patrão.

Faz tudo o que o patrão faz,

Mas sem ser o patrão.

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