SÍNDROME DA EMULAÇÃO PATRONAL
Erivelto Reis
O Xamã avisou no pancadão:
Dublê de gestor, dublê de patrão.
Faz tudo o que o patrão faz,
Mas sem ser o patrão.
Perguntar o que estou fazendo
Sem demonstrar o que faz.
Determinar meus horários,
Enquanto flexibiliza ou
Não cumpre os seus.
Questionar meus métodos
Sem cumprir suas obrigações.
Me pedir esclarecimentos,
Enquanto se omite,
Compactua e se protege
Nas brechas do sistema.
Me desautorizar,
Com base em subjetividades.
Supor que sou personalista
Enquanto finge se importar
Com as pessoas.
Tomar como seu,
O espaço da discussão coletiva.
Acreditar que o cargo
Lhe garante a decisão final
Sobre um trabalho que não fez,
Que não faz e que não saberia fazer...
Ou que, se o fizesse seria com o apoio de todos
E com a atuação e anuência ou conveniências
De seus superiores.
Supor que não precisa cumprimentar,
Esclarecer, informar, confraternizar,
Prestigiar ou aprender
Com os que julga serem seus subordinados.
O fetiche por proibir, a preguiça de conhecer.
Nenhum projeto nenhum.
A não ser se fazer de comum.
A certeza de não precisar se explicar,
A não ser sobre coisas irrelevantes
Como a cor do céu em dia nublado,
Ou sobre como foi importante a sua bênção
Para o trabalho que outros fizeram sozinhos
E sem recursos e que ele nunca leu e mal conhece.
Recomenda-se cautela. Humildade três vezes ao dia.
Autocrítica, capinar junto e doses de simancol.
O Xamã avisou no pancadão:
Dublê de gestor. Dublê de Patrão.
Faz tudo o que o patrão faz,
Mas sem ser o patrão.
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