Babilônia
Erivelto Reis
Tardiamente cheguei à Babilônia.
Ali todas as linguagens
Possibilidade de futuro.
Esfregando, ruidosas,
O passado em todas as caras.
Estranho pensar como
O mesmo valor: a linguagem
Liberta a alguns e aprisiona outros.
Ar, espaço e sepulcro,
Correntes e asas.
O mesmo valor (sem valor)
O mesmo ouro de tolo.
Ação humana sobre a natureza,
Ação humana sobre a consciência,
A estética e a onipresença...
A mesma espada sagrando cavalheiros
E erigindo estátuas aos bárbaros,
Ou criando símbolos
Para rotular os bonequinhos
Dos lavabos...
Vício para os artistas,
Ruína e auge para os astros,
Prisioneira dos discursos dos tiranos.
Tardiamente cheguei a Babilônia,
Cenário devastado,
Império atacado por canalhas...
Escombro em ascensão constante,
Onde a linguagem dominava o mundo
E o mundo já não se bastava.
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