O corpo incorrupto de Bernadete
Erivelto Reis
Escreveram no laudo da necropsia: Saudades,
Memórias,
Nostalgia.
Num esquife de carne e osso
Repleto de dores
E coração batendo
(Ameaçando parar a qualquer momento...)
E um milagre a que chamaram
Sentimento.
Causa mortis:
Silêncio
Frustração
E desalento.
Exumados,
Examinados
Ou clinicados,
Nada nos redime!
Não há alma
Nem o lugar exato
Em que ela ficava.
No entanto, procuraram...
Viver não é preciso!
Sacralizar é preciso!
Acharam um compromisso
Anotado a lápis
Numa agenda de esquecimentos,
Um souvenir de uma viagem
Feita há muito tempo
E um marcador na página
Do livro que contava
A história das aparições
À jovem Bernadete.
Depois disso, nada mais.
Só se erguem catedrais
Em homenagem aos amores imortais.
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