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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

segunda-feira, 3 de março de 2025

Crônica: "Uma indústria sexista e etarista", crônica de Erivelto Reis

Uma indústria sexista e etarista

Erivelto Reis

    A Academia norte-americana de cinema que já vem demonstrando grande desconexão com o reconhecimento do público que prestigia os chamados blockbusters aos quais ela, historicamente, não premia e nem parece valorizar real e, principalmente, a partir dos anos 2000. Com a categoria Terror/horror tem uma ruptura inexplicável e incompreensível. E ontem deu mais um grande sinal de como está atrasada e antiquada ao expor para o mundo que o etarismo é uma estratégia política de sua sobrevivência como indústria, em uma tentativa patética absolutamente desprezível de produzir ativos econômicos visando às produções futuras, à continuidade do mercado.

    O QUE MANTÉM O MERCADO É O TALENTO. PONTO. Além disso, o sexismo Hollywoodiano - HOLLYWIDIOTA - é vergonhoso. E falta ainda mais ME TOO para evitar que certas figuras asquerosas continuem decidindo os caminhos da indústria e a premiação de ativos econômicos potenciais para os investidores e figurões dos estúdios, em detrimento de talentos reais e de suas atuações brilhantes a cada novo filme. A credibilidade da premiação e seu significado simbólico, historicamente construídos, ficam comprometidos. E um prêmio indevido injusto nessas condições é um ato preconceituoso e hostil. Artistas, profissionais da indústria e o grande público se sentem desvalorizados e manipulados quando isso ocorre. A isso somam-se a histórica xenofobia norte-americana, o fato de que há cupins gigantescos devorando as bases de sua democracia em pleno século XXI e a maneira cruel como o mercado audiovisual norte-americano tem se preparado para expropriar os artistas de seus talentos individuais, de sua voz e imagem intransferíveis e replicá-los à exaustão - às custas de contratos leoninos -, em obras pretensamente ficcionais e/ou de uso político, através de recursos de inteligência artificial.

    Assim, entendo que Demi Moore e Fernanda Torres foram roubadas para que Madson gerasse expectativa na indústria pelos próximos 10 anos e filmes mega populares como Wicked (ou Barbie, em premiações anteriores) não têm reconhecimento da própria indústria à altura do trabalho que realizam em favor do mercado, da formação de público. Pior que tudo isso é ver que grandes filmes, grandes atuações, grandes artistas em todos os segmentos nunca vão alcançar a chancela do reconhecimento que merecem porque a academia de cinema norte-americana conta ainda com votantes sexistas, fetichistas, etaristas e gananciosos a serviço do lucro e de vinganças políticas e particulares.

    Ou a indústria renova seus critérios, instaura um sistema permanente de compliance e reconhece como tem errado ao longo de sua história em muitas ocasiões ou continuaremos testemunhando injustiças, violências políticas indesculpáveis, preconceitos dos mais diversos e produções que misturam propaganda e memes inorgânicos.

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