Qualquer Pessoa
Erivelto Reis
Fizeram em minha alma
Uma loja de tédios
Passantes testam os produtos
São frágeis e se quebram
Em estrondo e depressão.
Que lugar mais longe
Para inaugurar-se uma loja de tédios
Longe e on-line
Quando estou sem conexão.
Há tédios exclusivos
Que somente os riscos podem pagar...
Há tédios populares
Vendidos aos lotes,
Principalmente nas feiras de domingo à tarde.
Uma loja de tédio é uma franquia
E eu sofria sozinho, preocupado,
E nem sabia que ninguém falava disso,
Porque todo mundo tinha.
Fizeram uma loja de tédios em minha alma
E o aluguel do ponto é pago à prestação.
No carnaval não fecha o ponto...
E no Natal também não.
Não há preço que pague pelos tédios
Que não vendo, vejo
Que sem ouvir, tanto ouço
Que tateiam em minha pele
E que eu sinto tanto enquanto choro...
Uma loja de tédio:
Um pouco picadeiro, um pouco clausura,
Um pouco ribalta.
Tem tédio para tudo quanto é desgosto
E quanto mais cura, menos remédio, mais procura,
Mais tédio!
Daqueles que dão em estátua...
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