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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Poema: "Fio", de Erivelto Reis


Fio
Erivelto Reis
Brasil, um país que todo dia
amanhece banhado em lágrimas. 

Elas provêm do espanto ante a tragédia 
e o sofrimento de nossos irmãos; 
do inesperado do desastre da fatalidade; 
do horror do ódio dos poderosos: 
aos mais fracos, aos mais pobres, 
aos mais velhos e aos que ainda lutam 
e não se corrompem; 
provêm da desvalorização:
da vida, dos professores, das mulheres,
seus corpos, suas almas e seus direitos...
provêm da tristeza 
pela desfaçatez das forças ocultas 
do poder econômico, 
que açulam o cinismo 
e a degeneração administrativa 
de muitos que governam este país;
provêm pela descrédito que temos
pelos que legislam, indisfarçavelmente, contra o povo 
e dos que julgam com brandura e leveza, 
absolvendo seus compadrios, 
e com celeridade e fúria, 
quase em desapreço 
pela legalidade e seus princípios fundamentais, 
àqueles que possam representar 
uma esperança sequer de oposição 
aos desmandos de becas e togas e colarinhos. 
Não sei como vocês se sentem. 
Mas a impressão que eu tenho 
é de que já de há muito no Brasil, 
todo dia é um amanhecer em lágrimas.
Um vale de lágrimas.
Quando não é a Vale é um Vélez
Quando não é um rico, é um reles...
Quanto desvelo em calar-nos!
quantos canalhas nos altos postos!
Todo dia assim... dor, estupor e choro.
E até quando?!
O meu país é uma pátria que anoitece 
e amanhece chorando.

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