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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

quarta-feira, 20 de maio de 2020

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE PANDEMIA E GOVERNO EM 2020, POR ERIVELTO REIS


ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE PANDEMIA E GOVERNO EM 2020,
ERIVELTO REIS


Fui ali cozinhar um miojo e quando voltei já tinham mudado o ministro da saúde duas vezes, o ministro da justiça, as leis trabalhistas, a polícia federal, o sistema de ensino...

Quem desejar que as pessoas tenham um mínimo que seja de consideração por sua biografia pessoal e profissional não poderá jamais se associar ao atual presidente e tudo o que ele representa na ribalta e nos bastidores da política brasileira em suas práticas e discursos. Ele é o chorume das relações mais perversas entre interesses impronunciáveis e inconfessáveis das práticas e teorias mais abjetas de pessoas e conglomerados econômicos e as ações no executivo, legislativo e judiciário e seus desdobramentos no dia a dia das relações pessoais e profissionais que os indivíduos possam experienciar ou testemunhar qualquer que seja a sua ocupação (espero que nunca tenham que passar por isso) do preconceito, passando pela perseguição política, o assédio moral até chegar à corrupção.
Mesmo os que se disserem enganados ou traídos por esse governo, terão um enorme SENÃO, em sua presunção de inocência. Não há santos nem ingênuos na política brasileira, mas de há muito todos os limites de civilidade e decência foram ultrapassados por aquele que por agora preside o país e os seus asseclas. O tempo mostrará que em 2016 o que foi tramado contra a democracia brasileira produziu monstruosidades em série e crimes que deverão ser lidos como imprescritíveis.

Esse presidente produz o mesmo padrão de enfrentamento do covid-19 que se dá, por seu interesse e conveniência, na economia, na educação, na polícia federal, nas entrevistas que concede. Quem não aceitar seus desmandos, rua, mediante intimidação, ataques pessoais, violência. E enquanto não fizerem o que ele espera, deteriora-se a coisa pública, o funcionalismo, os serviços, a economia, a saúde das pessoas até o limite máximo e, no caso da pandemia, até a morte das pessoas.

Todos os anos os brasileiros - classe média e principalmente os mais pobres - trabalham de 2 a 4 meses - calendário fiscal - só pra dar conta de pagar os impostos dos governos federal, municipal e estadual. Os governos têm obrigação de cortar suas regalias, corrupção, superfaturamento e desperdício de recursos e destinar todas as reservas e arrecadação em benefício da população durante a pandemia. O Brasil não quebra por causa do isolamento. Mas as pessoas estão morrendo por causa de um governo sádico, insensível e perverso.

Na minha experiência, a grande maioria dos alunos e alunas que se inscrevem para o Enem na escola pública onde trabalho só o fazem porque professores, funcionários, direção se (nos) mobilizam (os) para realizar as inscrições na própria escola. Isso em tempos em que não há pandemia. Isso porque na minha escola só tem sinal de internet compartilhada de 15 em 15 dias. Imagine o que tem acontecido aos nossos alunos em se tratando desse "ensino remoto"... Falar em meritocracia, inclusão e igualdade de condições para o estudante de escola pública num estado permanente de injustiça e incompetência é vergonhoso.

Tivéssemos um governo decente, teríamos ainda alguma chance. Nosso destino se desenha desolador. Lutando contra esses vermes e esse vírus.

É fruto de uma convicção profunda da atual gestão desse país que o povo lhe pertença. E que os direitos que tenha sejam benesses que lhes possam ou não ser concedidas conforme interesse de quem governe. Naturalizam com sorrisos falsos e bravatas o despreparo que têm e que fazem questão de vender como sinceridade e naturalidade.


Não é o vírus que desestabiliza quem está no poder. É a incompetência de cada um/a deles/as. O vírus tragicamente evidencia a negligência e o desprezo que essas pessoas têm pela vida humana.

O país já andava triste. E adoeceu de tristeza e pandemia e violência em práticas e discursos. Aldir, Flávio, Rubem, Luiz e tantas pessoas da educação, da filosofia, trabalhadores e trabalhadoras morrendo. Há uma gente que não sabe ser feliz por si mesma e que só se sente atuante se oprimir o outro. Sozinhos se fingem de pródigos e em grupo se transformam em bando. Seus valores nos querem impor através da fúria e do ódio. Seu rosto às vezes parece simples e amigo e suas convicções são empréstimos de outrem. Mas não se enganem pois assinam embaixo das práticas bárbaras contra os de sua própria classe. Nem nirvana, nem céu nem redenção vos esperam. Nem inferno há capaz de saciar um desejo de justiça divina contra os tiranos.

Precisa ser muito forte para exercer a profissão de professor e de artista no Brasil que tenta nos sepultar desde sempre, desde 1988, desde os anos 2000. Nenhuma forma de mídia, plataforma ou ambiente virtual superará a pedagogia do afeto, ou a emoção que experimentamos mesmo diante de qualquer artista que nos toque a alma com sua arte, por mais anônimo que este seja. Até o arranhar do vinil entranhado nos primeiros acordes, até o rabisco mais aparentemente despretensioso, até o verso mais intimista e menos eloquente têm mais força que o mais virulento dos discursos. O que não há é gente suficiente a se perguntar quando foi que se encheu de ódio e se esvaziou de arte. Quando foi que se encheu de indiferença e de vazio em torno de uma vida sem sistema, esperança ou perspectiva. A tarde cai todo dia como um viaduto e não tiramos o traje que vestimos luto e é com ele que lutamos.
A UM PROFESSOR OU PROFESSORA NÃO SE AMEAÇA NEM COM UMA FLOR.

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