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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

terça-feira, 12 de outubro de 2021

Texto: "O novo ensino médio e o dia das crianças", de Erivelto Reis

 

O NOVO ENSINO MÉDIO E O DIA DAS CRIANÇAS

 (12-10-2021)

Erivelto Reis

 

O novo Ensino médio coloca na linha imediata da insegurança social e alimentar, da subalternização e da precarização do acesso a bens elementares imateriais de leitura, arte e cultura milhares de adolescentes dos 15 aos 18 anos, todos e todas oriundos/as das camadas mais pobres da população.

Amplia e aprofunda o abismo social, reduz ao nível formativo inferior ao mínimo necessário em diversas áreas do saber e torna ainda menores as possibilidades de ingresso no Ensino Superior, levando-se em conta, por exemplo, a produção de redação - é a já famosa nota mil - ou a interpretação dos enunciados, linhas de comando e dos distratores das alternativas em questões de múltipla escolha para atingir uma nota de corte mínima para o ingresso em cursos mais ligados às humanidades e tornando ainda mais intransponível alcançar patamares para a escolha e ingresso em áreas como medicina, biotecnologia, direito, engenharia, entre outras inúmeras áreas .

Além disso, praticamente decreta a extinção de cursos ligados às disciplinas arbitrariamente relacionadas como optativas, e coloca em compasso de extinção disciplinas L2 (espanhol e inglês) e educação física.

Cumpre ainda a tarefa sórdida de fragilizar ainda mais e desestimular a escolha pelo magistério como profissão, promove uma reforma arbitrária e uma subalternização da ordem de um assédio moral gigantesco e sem precedentes contra os profissionais da educação, diretamente sobre os professores e professoras, por intermédio das medidas de reorganização administrativa e gerencial que certamente o Novo Ensino Médio trará e que desprezará em seu cerne editais, investiduras, formação continuada, qualificação profissional etc... para permanência, determinação de origem, organização de quadro de horários e elevará, consideravelmente, o volume de trabalho dos que permanecerem alocados. Sem falar na fragilização das relações interpessoais e profissionais entre os gestores, colegas, polos administrativos e entre docentes e discentes.

O Novo Ensino Médio isenta a obrigatoriedade e responsabilidades dos governos com relação aos três anos do ensino médio e, na prática, os circunscreve a dois anos (a despeito de todos os impostos pagos para que se possa investir em educação), culpabilizando e responsabilizando os próprios estudantes e suas famílias por qualquer insucesso pessoal e profissional já a partir dos 14 anos ou relegando-os à exploração da força de trabalho e criando mercado de reserva das melhores vagas, desde as grandes universidades públicas até as melhores colocações profissionais, aos filhos e filhas da chamada "elite".

E quando, exaurida e sucateada, a educação pública sucumbir definitivamente, privatizá-la será a galinha dos ovos de ouro das grandes corporações econômicas. Na prática, os filhos dos mais pobres só terão cobertura do estado até os 14-15 anos na área de Educação. Depois, apenas um paliativo, um bota fora, um "dane-se".

Enquanto isso, os filhos dos ricos serão formados de maneira ampla e irrestrita e com oferta de todas as disciplinas em carga horária generosa da qual o sucateado Novo Ensino Médio sequer se aproximará. É o maior genocídio intelectual da história do Brasil. Os responsáveis devem ser punidos e execrados. E entre eles, muitos/as há que ostentam o título de "professor/a".

FELIZ DIA DAS CRIANÇAS?

 

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