O NOVO ENSINO MÉDIO E O DIA DAS CRIANÇAS
Erivelto Reis
O novo Ensino médio coloca na linha imediata da insegurança social e
alimentar, da subalternização e da precarização do acesso a bens elementares
imateriais de leitura, arte e cultura milhares de adolescentes dos 15 aos 18
anos, todos e todas oriundos/as das camadas mais pobres da população.
Amplia e aprofunda o abismo social, reduz ao nível formativo inferior ao
mínimo necessário em diversas áreas do saber e torna ainda menores as
possibilidades de ingresso no Ensino Superior, levando-se em conta, por exemplo,
a produção de redação - é a já famosa nota mil - ou a interpretação dos
enunciados, linhas de comando e dos distratores das alternativas em questões de
múltipla escolha para atingir uma nota de corte mínima para o ingresso em
cursos mais ligados às humanidades e tornando ainda mais intransponível
alcançar patamares para a escolha e ingresso em áreas como medicina,
biotecnologia, direito, engenharia, entre outras inúmeras áreas .
Além disso, praticamente decreta a extinção de cursos ligados às
disciplinas arbitrariamente relacionadas como optativas, e coloca em compasso
de extinção disciplinas L2 (espanhol e inglês) e educação física.
Cumpre ainda a tarefa sórdida de fragilizar ainda mais e desestimular a
escolha pelo magistério como profissão, promove uma reforma arbitrária e uma
subalternização da ordem de um assédio moral gigantesco e sem precedentes
contra os profissionais da educação, diretamente sobre os professores e
professoras, por intermédio das medidas de reorganização administrativa e
gerencial que certamente o Novo Ensino Médio trará e que desprezará em seu
cerne editais, investiduras, formação continuada, qualificação profissional
etc... para permanência, determinação de origem, organização de quadro de
horários e elevará, consideravelmente, o volume de trabalho dos que
permanecerem alocados. Sem falar na fragilização das relações interpessoais e
profissionais entre os gestores, colegas, polos administrativos e entre
docentes e discentes.
O Novo Ensino Médio isenta a obrigatoriedade e responsabilidades dos
governos com relação aos três anos do ensino médio e, na prática, os
circunscreve a dois anos (a despeito de todos os impostos pagos para que se
possa investir em educação), culpabilizando e responsabilizando os próprios
estudantes e suas famílias por qualquer insucesso pessoal e profissional já a
partir dos 14 anos ou relegando-os à exploração da força de trabalho e criando
mercado de reserva das melhores vagas, desde as grandes universidades públicas
até as melhores colocações profissionais, aos filhos e filhas da chamada
"elite".
E quando, exaurida e sucateada, a educação pública sucumbir
definitivamente, privatizá-la será a galinha dos ovos de ouro das grandes
corporações econômicas. Na prática, os filhos dos mais pobres só terão
cobertura do estado até os 14-15 anos na área de Educação. Depois, apenas um
paliativo, um bota fora, um "dane-se".
Enquanto isso, os filhos dos ricos serão formados de maneira ampla e
irrestrita e com oferta de todas as disciplinas em carga horária generosa da
qual o sucateado Novo Ensino Médio sequer se aproximará. É o maior genocídio
intelectual da história do Brasil. Os responsáveis devem ser punidos e
execrados. E entre eles, muitos/as há que ostentam o título de
"professor/a".
FELIZ DIA DAS CRIANÇAS?
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