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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

terça-feira, 5 de outubro de 2021

Poema: "Ruflar", de Erivelto Reis

 

Ruflar

Erivelto Reis

 

É porque amamos muito

Que perdemos tanto

Quando o mínimo que esperamos

Não está no fim do romance

Que nos lê...

Só resta virar a página,

Enlutar-se, esquecer.

 

É porque sonhamos muito

E queremos algo que é tão raro:

Um outro ouro puro

E primordial...

Um gesto, um tempo, um perfume,

Um sabor, uma palavra, um som essencial.

 

Eu estava aqui tão atento a tudo

Que nem notei você saindo.

Estava lutando, mesmo estando de luto...

Eu estava voando tão alto

Que nem me senti caindo.

 

É porque sonhamos, amamos e queremos muito

Que aquilo que ainda houver,

E o que tiver havido

Não sacia...

É uma reação tardia,

A uma casa vazia,

Em perpétua quarentena.

Pássaro sem asas,

Ruflar de dar pena.

 

Eu estava voando tão alto

Que nem me senti caindo...

Eu estava imaginando o céu

No exato instante em que desabei no abismo.

 

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