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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Crônica: "Carta de Náufragos (2014)", de Erivelto Reis

 CARTA DE NÁUFRAGOS (2014)

Erivelto Reis
    Não sei, pois não me foi dado a conhecer, do ponto de vista acadêmico, as nuances e sutilezas e as bases nas quais se assentam os pilares da forma de se fazer política no Brasil ou nos países que se arvoram como democráticos. Embora não seja, a política no Brasil, em muitos aspectos, me parece construir-se como um palíndromo: daqui para trás e do passado até aqui, vemos muitos se locupletarem dos dividendos do poder e do que eles possam significar.
Política no país parece se fazer com vingança, com raiva, com deboche, com desfaçatez, com medidas sórdidas, amorais, antiéticas… Por isso que os poucos que a não fazem desse modo entram pra história ou são velados com honras fúnebres antes do tempo que a natureza lhes reservara. Ah, se a história fosse outra.
    Nossas crianças são joguetes nas mãos de pessoas inescrupulosas, protegidas em seus gabinetes, em seus palanques, no anonimato de jatinhos, na surdina das secretarias, na eloquência dos discursos vazios de significados e repleto de bravatas.
    Estão decidindo a sorte do povo no pôquer das estatais, na roleta russa dos ministérios, na vispa dos escalões, nos tribunais de apelações. Infringentes embargos que não valem para os que a lei chama de iguais, mas que trata como inomináveis, inotórios, indigentes. Há gente que não fede e que cheira, passando a mão diante do rosto da justiça vendada, como a se certificar de que ela não está entendendo nem enxergando nada. Pobre povo que precisa de paladinos, de justiceiros enquanto os corruptos ostentam gravatas, mansões e negociatas.
     Nesse mês, quantos professores e professoras, pais e mães de família, não receberão seus salários? Que a greve seja grave não me parece um entrave, mas que a corrupção e a humilhação façam parte do jogo, isso é inaceitável, isso dá nojo. Que política social se constrói quando professores ficam sem salário por exercerem seus direitos enquanto políticos covardes entram pra história mesmo sem cumprir seus deveres? É humilhante, é degradante é incorreto. Isso é articular e usar a lei por vingança. Quem vai ler esta carta de náufrago? Aqui a maré não para de subir e o horizonte há muito já desistiu do azul… Pense nisso enquanto educar seus filhos.

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