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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Crônica: "Sobre o respaldo de uma sociedade ética e educada", de Erivelto Reis

Sobre o respaldo de uma sociedade ética e educada

    Erivelto Reis

Sem respaldo de uma sociedade ética e educada não existe qualquer garantia de futuro. Desde os elementos mais básicos da civilidade, passando pelo respeito às profissões e às garantias legais de manutenção da sobrevivência dos prestadores de serviço, trabalhadores/as e funcionalismo. O próprio Estado democrático de direito corre sério risco e as suas instituições também. O neoliberalismo se vale da certeza da canibalização de serviços por substituição contínua de mão de obra através de processos tecnológicos que visam à redução de custos e à ampliação das margens de lucro. E vende a ilusão de que o particular tenha melhor qualidade de gestão do que o público.

Não houvesse corrupção e financiamento sistemático da sabotagem e da pilhagem da coisa pública, a realidade brasileira seria muito diferente. Nunca a qualidade real dos serviços para o grande público está pautada. Esta é reservada, de fato à nata, à elite, em resguardo da individualidade, da tradição, da manufatura, da exclusividade de ter, aprender, consumir, saber o que à grande maioria, aos outros, seja interdito, inacessível ou tenha custos que lhes sejam proibitivos.

A possibilidade de o Estado cumprir suas obrigações constitucionais é a última fronteira contra a barbárie neoliberal. Direitos trabalhistas, seguridade social, entre outros direitos e garantias, já os perdemos - não é empreender quando o estado não gera emprego ou desenvolve a educação e a ciência em subserviência a produtos e interesses de outros países -, e o que assistimos durante a pandemia é o horror que isso significa na prática. Trabalhadores sem qualquer proteção ou garantia. A Universidade e a Escola sob constante ataque.

Vejo muitos sorrisos e lives e chats e bate-papos e livros e cursos... já assisti a muitas reuniões de gestores incapazes de entregar uma apostila ou de providenciar internet para os alunos... ou de respeitar a lei e os direitos de seus funcionários. Assediadores criminosos. Não tenho estômago ou paciência para gestores sem competência. E é letal o vaticínio do que essas práticas perversas por apadrinhados políticos e gente inescrupulosa e incompetente pode viabilizar como exemplo na iniciativa privada e no cotidiano das relações profissionais contra os trabalhadores/as.

Tudo informatizado, mas sem conteúdo; tanto conteúdo sem aplicabilidade; trabalhadores tão sem condições mínimas de consumo e dignidade quanto sem acesso aos seus direitos... Essa equação não fecha. Só a corrupção e os conluios mantêm determinadas figuras no poder, seja na iniciativa privada, seja na administração da coisa pública.

                                                                    02/7/2020.

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