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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

sábado, 6 de junho de 2020

Poema: "Poema de sete faces em linha reta", de Erivelto Reis


Poema de sete faces em linha reta
Erivelto Reis
Ao verme machadiano que deletou os posts, fotos e os artigos que ninguém leu

Quando eu morri,
Um anjo torto
Desses que nunca tinha levado porrada
Veio ter ao meu lado, camarada.
Era um arcanjo.
Não era um anjo da guarda.
Entendia apenas do céu
E de suas múltiplas moradas.
Não sabia do que havia no
Inferno real e virtual que andava
A corromper a porra da Terra.
E, portanto, dela não entendia nada.

Mundo, vasto mundo,
Onde é que há gente no mundo?
Mais mínimo que um coração,
Para que tantos stories, meu Deus,
Pergunta minha aflição.
Porém, meus olhos, em estado de catástrofe,
Não percebem nada.
Segui meu caminho num bonde
Na rua inútil [de cada trilha]
Na vida inútil [de cada stalker]
Em que pecados, infâmias, soberbas, luxúrias
São compartilhados à exaustão
Por todos os príncipes, meus irmãos,
Em um plot twuist, sem spoiler ou explicação.

Quando eu morri,
Não houve
Nem lápide, nem livro, entrada USB OU HDMI
Nem foto, nem post, vídeo, direct ou tuíte
De leitor, de amor, de hater,
De familiar ou de ouvinte
Apagaram-se os últimos vestígios,
O derradeiro print
De mim, de enxovalhos e de absurdas, ridículas
E obsoletas falsas etiquetas
(Diminutas éticas de baquelite e de vidro)
Nas primeiras vinte quatro horas
Antes mesmo do término do dia seguinte...
E dali em diante
Era como seu eu nunca houvera existido.



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