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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

terça-feira, 8 de setembro de 2020

Poema: "AS CARTAS", de Primitivo Paes (2020)

Essa versão 2020, traz a marcação de pontuação feita em 2003 e que indica a respiração e as pausas do poeta em sua interpretação para construir suas inflexões em apresentações públicas. Essa marcação (feita a caneta, durante uma apresentação na Pedra de Guaratiba), apareceu numa antologia (ainda datilografada) que eu organizei em e a partir de 2003 e que conta com 14 volumes de poesia de autores do mundo inteiro, principalmente, os brasileiros e brasileiras. 

AS CARTAS

PRIMITIVO PAES


Quero ver a nossa gente

fazer a nação crescer.

os lavradores plantando

para a família colher.

ter casa para morar,

escola para aprender.

para quando for adulto,

não ser humilhado assim:

cabisbaixo, timorato,

vai à casa do vizinho

tremendo, olhando pro chão

chega falando baixinho...

Coração acelerado,

vai logo dizendo assim,

com uma carta na mão,

"Leia essa carta pra mim."

Chegou carta dos parentes,

não sabemos o que fazer;

nem meu pai, nem minha mãe,

nem eu não sabemos ler!

Desculpe tomar seu tempo,

e vir pedir pra você ler.

As coisas vão melhorar,

eu ainda quero ver:

um dia vou pra escola,

eu vou aprender a ler;

a somar, diminuir,

dividir, multiplicar...

pra quando for pra usina,

cortar cana pra moer,

saber quanto vou ganhar

e o tanto que vou perder!

Mas, quando as cartas chegarem,

eu mesmo saberei ler!


Segredos de meus parentes,

vizinho nenhum vai saber!

Daí, ninguém me segura, Brasil,

estou com você!

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