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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Reflexões sobre a estabilidade dos servidores, por Erivelto Reis

 Reflexões sobre a estabilidade dos servidores

 Erivelto Reis 

A estabilidade do servidor é a última fronteira a proteger a soberania do Estado e talvez o último resquício de isonomia entre os diferentes servidores.

Quebrá-la não garante qualidade de qualquer dos serviços, o aumento do nível salarial ou o redirecionamento de investimentos para quaisquer setores. Isso é uma falácia. Um ardil. As pessoas que propõem tal quebra são as mesmas que assistem de braços cruzados e com resquício de deboche e ironia à morte de mais de 120.000 brasileiros e oferecem aos estrangeiros a exploração de nossos recursos mais preciosos e a venda de tudo quanto pertença ao nosso país.

Porque não respeitam, não valorizam, não sabem gerir, e por sabe-se lá quais interesses particulares e corporativos inconfessáveis pretendem fazer com que as pessoas acreditem que o servidor público seja o vilão na narrativa perversa de suas políticas econômicas e sociais.

Nem a iniciativa privada nem o serviço público têm nada a ganhar com essa violência inconstitucional e muito menos os contribuintes. É preciso permanecer em estado de atenção.

A estabilidade do servidor garante o fluxo da economia se movimentando continuamente.

O turismo, a obra de reforma em casas e apartamentos, o mercado de bairro vendendo, o comércio local, o financiamento do automóvel e da residência, o plano de saúde, a indústria cultural em seus diversos segmentos, a assinatura de TV, internet e streaming, a liquidez, embora sazonal, da caderneta de poupança, e, apesar dos valores extorsivos, a permanência de algumas linhas de crédito; o prestador de serviço trabalhando...

Sem a estabilidade do serviço público as grandes corporações e multinacionais canibalizarão completamente o mercado de trabalho, o nível minimamente aceitável e acessível dos serviços à população se extinguirá. E tudo será muito mais caro e em nome de uma pretensa melhora de qualidade conquanto ainda permaneça a carga tributária entre as maiores do mundo.

A iniciativa privada achatará ainda mais os salários e condições de trabalho. Sem a estabilidade do serviço público não existe classe média nem micro e médio empresário. Existem apenas a elite, os milionários e os políticos corruptos e mal intencionados a vender a preço de banana para o estrangeiro e seus parceiros tudo que houver sido construído com a força do trabalho desses mesmos servidores para o país, patrimonial, material e intelectualmente.

Não gostaria jamais de assistir a uma situação na qual na falta de creche, escola, assistência social, hospitais, postos de saúde ou diante da ausência de recursos, vagas ou qualquer contratempo nesses locais ou serviços, que são direito dos/as contribuintes - principalmente dos/as mais vulneráveis -, os cidadãos e cidadãs se vissem impedidos de se manifestar ou fossem coagidos ao silêncio forçado numa dupla humilhação: a de lhe ser negado atendimento, serviço ou justificativa e a de ter de se calar por força de ameaças explícitas ou veladas.

A reforma não moderniza, melhora, valoriza o serviço público. Ela bate doído contra os servidores e desarticula os setores de tal forma que os inviabiliza definitivamente para, progressivamente, substituir técnicos e profissionais competentes por apadrinhados políticos e sucatear de tal forma os serviços a ponto de privatizá-los e torná-los rentáveis a grupos particulares e corporações financeiras. Ao mesmo tempo em que cria supercastas de servidores entre os servidores do judiciário, os políticos e os militares de alta patente das forças armadas.

E isso tudo mantendo a carga de impostos mais destacadamente alta e injusta socialmente Em comparação a países no mundo todo. Em suma, declara guerra aos servidores, brasileiros que ainda podem representar algum entrave à corrupção e ao loteamento político das instituições que prestam serviços à população desde a Educação até a saúde.

Organizações terceirizadas, concessionárias e empresas que gerenciam ou executam atividades que deveriam ser prestadas pelo Estado já dão bom exemplo disso: serviços precários, trabalhadores explorados, corrupção, sucateamento do que foi construído com dinheiro público, perseguição a servidores de carreira, supressão de serviços por alegar prejuízo com operações, como ocorre, por exemplo, com o sistema de transportes, nenhuma transparência quanto à preços cobrados ao Estado em relação aos serviços ou qualidade destes. Subserviência ou omissão dos órgãos de fiscalização e controle ou flexibilização de leis ou protocolos de aferição de qualidade. Além da geração de riquezas e lucro para grupos particulares e conglomerados multinacionais.

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