LIVRO POEMAS À MANEIRA DE BRECHT, DE CÍCERO CÉSAR
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https://drive.google.com/file/d/1Yc3osUK-iaZornK0rQyrFif4LzGQ_Zu9/view?usp=sharing
Recentemente recebi do
meu amigo poeta, professor, compositor, artista plástico, Cícero César, um
arquivo com 20 poemas escritos por ele após a leitura da obra do Poeta Bertolt
Brecht, traduzida pelo também poeta, André Vallias. Fiquei tão encantado pelo trabalho
de Cícero César que decidi editar e organizar seus poemas em um e-book como
forma particular de homenageá-lo e ao seu talento e de brindar mais uma vez
nossa amizade.
Para minha felicidade o
poeta ficou bastante satisfeito com o resultado e me escreveu uma carta em
agradecimento – na verdade, sempre nos falamos, dialogamos através da poesia e
da escrita e de assuntos do cotidiano como família, trabalho, impressões sobre
música, cinema e Literatura... contas a pagar – e esta carta passou a fazer
parte da obra como posfácio.
Na obra há versos que por
si só já poderiam compor, isoladamente, um novo texto repleto de signos e
significados. Tanto é assim que, à maneira de Manuel Bandeira no poema “Antologia”,
apenas com versos extraídos da própria obra e compilados por mim em um novo
poema – que, de acordo com a pós-modernidade audiovisual, bem poderia ser chamado
de spoiler –, “produzi” – na falta de
uma palavra que dê conta desse processo, já que os versos todos são do Cícero e
a obra também –, um novo poema que pretende corroborar a ideia da força
metafórica e plurissignificativa que o autor conseguiu ao se propor a escrever
à maneira de Brecht.
Minha alegria ficou ainda
maior quando o autor, em mais um gesto de generosidade e desprendimento que
lhes são particularmente inerentes, decidiu disponibilizar o e-book
gratuitamente para que as pessoas pudessem conhecer o seu novo trabalho.
Recentemente vindo de uma
empreitada vitoriosíssima que foi e que está sendo o livro impresso “Cartas a
Francisco”, um livro epistolar, híbrido de crônica, diário e poesia endereçado
principalmente ao seu filho e, nos temas abordados ou nas entrelinhas, aos
afetos do autor, Cícero produz com agilidade, qualidade e senso crítico
apuradíssimos. Está antenado, conectado com as inquietações da humanidade no
século XXI. Multitalentoso, seja produzindo crítica sobre arte, seja
desenhando, pintando, compondo, militando em favor da Educação com uma prática
que encontra ecos no próprio discurso (e vice-versa), em Poemas à maneira de
Brecht, consegue emular alguns aspectos da obra do poeta e dramaturgo alemão e
alinhá-los às próprias inquietações e reflexões poéticas, destacando-se a extensão
dos versos e seu alcance metafórico tão poeticamente amplo e tão focal quanto
uma fotografia da tragédia e das angústias humanas. Vale muito a pena a leitura
da obra: toda ela ilustrada por pinturas, rabiscos, desenhos, fotos produzidas pelo
multifacetado artista.
Para além de Brecht e de
qualquer outro cânone, há ainda uma lição tácita e implícita no trabalho de
Cícero: a de que o poeta não pode perder a bossa. Não pode errar o pulo, não
pode perder o passo, o compasso e se perder de seus valores mais íntimos. Mesmo
que outros enxerguem como naturais os estados da arte no cotidiano, que não
chegam a ser milagres, mas surgem como miragens em relações, por vezes,
instantâneas e estanques na velocidade, na melancolia compartilhada de cada
alegria real ou inventada através de nossos likes, emojis e posts.
Cícero é de verdade num
mundo que nem sempre é. Escreve o poeta:
6.
EU
E O OUTRO
Eu
não sei se devo lhe dizer,
Mas
Deus não existe
A
literatura, entanto, é boa
E
fala ao coração, por vezes, de uma pessoa
Por
isso, peço-lhe que a leia não como verdade, mas como obra
É
que no fundo, mas nem sempre, é a beleza que sobra
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