CICATRIZ
Erivelto Reis
Não se prenda, amor,
Por necessidade.
Que amor é prenda,
Não é caridade.
E na precariedade do tempo,
Que mal compreendemos,
(Amando ou não)
Deve haver registro
De amor vivido
Em algum lugar da eternidade.
Não se prenda, amor,
Viva a sua liberdade!
Pois que é difícil suportar saudade...
Deve ser impossível
Amar sem carinho,
Só por comodidade.
Permanecer amando
Confronta qualquer vaidade,
Quando há só fantasmas
De uma história de fracassos
Em carícias e diálogos.
Não se prenda, amor,
Por compaixão, costume
Ou medo de qualquer solidão.
Em alguma parte alguma:
Em caminho, senda ou vereda,
Ao que é só cinza, já não labareda!
Viver sem amor ao lado do ser desamado
É água jorrando pra longe da nossa sede
Maré rasa, lua minguante,
Olhar o horizonte e só enxergar parede...
A vida ainda pulsa,
Mas não se prenda,
Amor é oferenda.
Quando cessa, dói,
Mas a ferida cicatriza
E, às vezes, cura.
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