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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Poema: "Quase você", de Erivelto Reis

 

Quase você

Erivelto Reis

 

Você sem quem você ama

Não é você.

É uma pilha de laranjas

Da qual tiraram aquela

Que sustentava as demais.

É uma avalanche de medo...

Você sem quem você ama

É uma sequência de desastres naturais.

É um redemoinho difuso

De recordações amargurantes

É uma selfie sem identificação de semblante.

Você sem quem você ama

É muito diferente do que era antes.

Ainda que em aparência você não mude,

Você sem quem você ama

É uma muda de planta

Semeada, sem água, sob um sol escaldante.

É uma falta ambulante...

Sombra seguindo um arremedo insone.

É uma goteira de lágrimas,

Um vendaval de suspiros...

Você sem quem você ama

É o fundo do poço,

Um cisco no olho.

Você sem quem você ama

É uma notícia velha,

É Moléstia e exéquias,

Cinzas, poeira e pó.

Você sem quem você ama

Não é mais você.

É um quase você... e só.

 

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