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Poeta - escritor - cronista - produtor cultural. Professor de Português e Literaturas. Especialista em Estudos Literários pela FEUC. Especialista em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Faculdade de Letras da UFRJ. Mestre e Doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ. Nascido em Goiás, na cidade de Rio Verde. Casado. Pai de três filhos.

terça-feira, 11 de maio de 2021

Texto: "O desembargador dementador", de Erivelto Reis

 

            Eleito presidente do Tribunal de Justiça/RJ em 30/11/2020, o desembargador afirmou: "apesar da recuperação fiscal, também [vou] tentar melhorar a remuneração e garantir os direitos de magistrados e serventuários". Em fevereiro de 2021, em função de uma greve no Detran/RJ, impôs uma multa diária de R$ 500.000,00 (QUINHENTOS MIL REAIS) ao sindicato da categoria. Agora derruba a liminar que mantinha as escolas fechadas para proteção da saúde das crianças e de seus familiares e libera a circulação, o deslocamento, a interação e a aglomeração de estudantes - no espaço escolar - em um estado tomado pelo Coronavírus (bandeiras roxa e vermelha), como o Rio de Janeiro. Quem sabe como é a dinâmica de uma escola, quem tem filhos ou já teve infância, sabe que protocolos de segurança e saúde pública não são o forte das crianças e dos adolescentes. Não dá pra contar com isso num momento em que há quase 100% de ocupação de leitos e uma nova onda de contágio se anuncia.

            E ainda há aquele pesquisador [irresponsável] de renomada universidade que recentemente declarou que estando a escola aberta ou fechada não aumenta nem diminui a contaminação, como se os estudantes se teletransportassem de casa para a escola, como se aparatassem na escola como na obra J.K. Rowling - sendo que não se pode aparatar em Hogwarts. Como se a escola não fosse um mais um espaço vítima de descaso do poder público e de seus gestores, onde às vezes, nem água tem, nem papel higiênico, onde as salas são superlotadas e os alunos e professores chegam a ter que suportar um calor de quase 40 graus, bem diferente do espaço onde despacha e dos recursos de que dispõe um desembargador, ainda mais um presidente do TJ. Sem falar da gigantesca diferença de salários pagos e benefícios oferecidos às duas categorias de servidores. A prefeitura do Rio afirmar, através de seu secretário, que vai usar a ciência para tomar decisões e expor os profissionais de educação, suas famílias e os alunos e alunas à contaminação, é o escárnio, a impostura, a demagogia e a irresponsabilidade elevados à enésima. É criminoso e desumano.

            Quanto ao desembargador que caça liminares e impõe multas astronômicas a sindicatos de trabalhadores, sugiro que imponha a mesma multa de R$500.000, 00 ao governo por dia em que os profissionais de educação, demais servidores e servidoras e a população não estão sendo vacinados, ou que ficam expostos ao assédio moral de coordenadorias e gestores de educação, ou à falta de ações efetivas de controle da doença, em meio ao caos e à incerteza que a pandemia causa.

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